30 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo!






No final das contas, é o fim de mais um ano. Mais um de muitos que hão de vim. Mais um fim. Porque tudo o que começa, termina. Cedo ou tarde. Nada tem a extensão de durar para sempre. O para sempre dura o tempo suficiente da fantasia de cada um. Isso, para aqueles que têm fantasias. 
Foram dias, meses, muitos momentos encontrados, muitos perdidos. Pessoas que entraram nesses dias sem encontro marcado. Pessoas que ficaram por meses. Pessoas que deram à um dia a duração de um ano. Instantes de lembrar por quanto houver memória. Instantes de esquecer com urgência. Trezentos e sessenta e cinco amanheceres. Esperanças roubadas e reencontradas. Sentimentos novos e assustadores. Maravilhas comoventes. 
Perdas necessárias. Ganhos merecidos. Descobertas juvenis. Sonhos de turvar os olhos. Tudo passado à limpo, em capítulos, dia a dia desses tantos dias que se despedem. E chega o momento do aceno. De olhar pela última vez para trás e deixar tudo guardado lá. As certezas que nunca se fizeram certas. As incertezas tão precisas. A relação tão estreita com a dor. A relação tão desgastada com o amor. As relações de amizade mal sucedidas. As diferenças que não passaram indiferentes. Os conflitos internos que roubaram a beleza dos mais belos olhos. Tudo deve ficar neste ano. Porque o novo deve vim como uma página em branco. Pronto para ser repaginado, reescrito, reestruturado. Como nascer de novo. Livre das tristezas e das alegrias que vemos em despedida. 
Que dois mil e doze fique de fato no seu lugar. Que dois mil e treze venha nos resgatar e nos leve pra si. Que tudo seja novo. Novos dias e novos aprendizados. E que estejamos preparados para tudo o que nos pegou de surpresa neste ano que se finda. Que viver seja algo mais doce, suave, brando. Que haja menos adversidades e mais coragem. Mais saúde e menos desilusões. Mais sentimentos verdadeiros e menos solidão. 
Que encontremos a felicidade que já havíamos desistido de procurar. E as respostas pras nossas perguntas mais secretas. Que tenhamos mais tato pra lidar com as nossas inseguranças e mais calma pra tratar as frustrações. Que possamos nos magoar menos, e não macucar mais ninguém. 
Que a verdade vista-nos um a um, dos pés à cabeça. E que a paz comece dentro de todos nós. 

Que seja um ano de fato novo. Melhor que este que passa. E supere as mais simples expectativas. 
Que, assim como eu, todos possam ter os dias refeitos e renascer pra vida. Porque o tempo não espera ninguém.

Um feliz ano novo. Com, no mínimo, dois mil e treze motivos para festejar! 

Meu abraço terno,

Lai Paiva


29 de dezembro de 2012

Eu também


Todo mundo encontra todo mundo ao acaso
Ou às vezes marca de encontrar alguém específico
Todo mundo experimenta a ansiedade da espera 
Ou às vezes nem há tanto assim pra esperar
Todo mundo se apaixona sem estar preparado
Ou às vezes já estava tão preparado sem saber
Todo mundo se vê desejando mais que podia
Ou às vezes nada mais é que o desejo em pessoa
Todo mundo espera de alguém o melhor beijo
Ou às vezes aquele beijo é tudo o que faltava
Todo mundo reserva o maior abraço pra alguém
Ou às vezes já é tão de alguém que se assusta
Todo mundo sucumbe ao amor algum dia
Ou às vezes o amor se guarda por décadas
Todo mundo se descobre escritor por instantes
Ou às vezes se transforma em palavras pra alguém
Todo mundo sorri o melhor sorriso pra admirar
Ou às vezes colhe as alegrias no outro
Todo mundo chora a ausência de alguém
Ou às vezes nem se sente existir à distância
Todo mundo ama mesmo sem ser amado
Ou às vezes nem sabe o quanto é
Todo mundo vive suas histórias de amor
Ou às vezes fantasia que as vive sozinha
Todo mundo encontra o seu par ideal
Ou às vezes desiste de querer encontrar
Todo mundo cria o seu "para sempre" e vive
Ou às vezes morre-se sem se tornar eterno pra alguém
Todo mundo nasce no instante em que se descobre amando
Ou às vezes acaba-se nesse mesmo instante
Todo mundo acha perfeito um alguém cheio de falhas
Ou às vezes as falhas são o que há de mais lindo
Todo mundo quer alguém que o leve pra si
Ou às vezes ninguém vai à lugar algum
Todo mundo tem os sonhos mais impossíveis
Ou às vezes o outro é seu único sonho
Todo mundo é grande demais quando alguém está junto
Ou às vezes nem cabe em si quando se é acarinhado
Todo mundo tem uma vida inteira pra dividir com alguém 
Ou às vezes a vida nunca acaba quando chega ao fim...

Lai Paiva

27 de dezembro de 2012

O Ultimo Sol



A tarde estava ao meio quando Oliver parou o carro em frente à casa de Coraline pra buscá-la. Seria mais um dos encontros dentro do carro, pelas estradas que os levavam pra onde eles mais gostavam de ir. Ela já o estava esperando com uma ansiedade palpável, típica dos apaixonados. Havia prendido o cabelo como ele gostava e estava usando um vestido solto e curto, que lhe dava uma leveza acalentadora. Usava brincos longos, mas delicados e havia pintado os lábios do mesmo vermelho que atribuía ao instante exato em que encontrava os lábios dele.
Oliver estava charmoso, simples e atraente. Por trás dos óculos escuros que usava estavam os mesmo olhos castanhos inebriantes de todos os encontros, só que, desta vez, estavam emoldurados de uma melancolia contagiante, o que parece que enaltecia ainda mais a sua beleza e antecipava uma tristeza já sabida.
Eles seguiram por longas horas perseguindo paisagens, algo mágico, que só ele a fazia experimentar. O céu estava de um tom laranja avermelhado que comovia os olhares. O sol já estava se despedindo deles. E eles, daquele instante tão raro. Raro como o que traziam dentro de si e que nem um nem outro sabiam ao certo o quê.
As árvores dançavam, em sintonia com as canções que ele pusera pra tocar dentro do carro e que mais parecia que ecoavam de dentro dele. Depois de algum tempo o cheiro do mar já anunciava a proximidade. Era o que Oliver planejava: levá-la pra perto do sol, tendo o mar como espectador do estado de encantamento a que estava submetendo Coraline.  Era o melhor presente que poderia dar-lhe. Ele sabia.
Ficaram parados no alto de uma ladeira, de onde se podia admirar tudo ao mesmo tempo, toda aquela irretocável maravilha, que era o pôr do sol apaziguando o mar. E aquele instante os uniu intimamente,  sem que eles sequer se tocassem. Os lábios dela permaneciam impecavelmente pintados, intocáveis, mas ela o havia beijado amorosamente por trás daquele vermelho intenso. E suas mãos se entrelaçaram com uma ternura já saudosa por saber-se ser o último, aquele pôr do sol.
As horas passaram, enfim, e o dia já não estava mais lá, dando espaço à ausência de cores que a noite trazia consigo. A mesma ausência de cores daqueles últimos minutos em que eles estavam um na presença do outro.
Fizeram o percurso de volta à casa de Coraline sem muito dizer. Sabiam que quase nada mais restava a ser dito. Nenhum discurso mais salvaria aquele sentimento tão único que eles sentiam um pelo outro. Tudo estava perdido. A cor, o som, a vida. Não naquelas paisagens, mas onde apenas eles conheciam e ousaram estar: dentro de cada um.
O dia seguinte viria, mas nunca mais haveria sol nas manhãs em que eles amanheceriam sem os beijos vermelhos somente deles.

Lai Paiva


25 de dezembro de 2012

Escrita


Queria escrever sem cessar
E continuar escrevendo por linhas
Escrever sem medir espaços
Dissolver meu pensar em palavras
E me sentir em cada letra minha
Me despir ao descrever
Me livrar ao elucidar
Numa tentativa branda
De me transformar em algo
Com o sentido que sempre busquei
A grandeza dos meus sentimentos
E o formato dos meus discursos
Quem sabe assim ao ser lida
Eu tome a forma bela dos poemas
Que nunca pude tirar de dentro de mim...

Lai Paiva


23 de dezembro de 2012

Colhida



(Ilustração: Suzy Parisotto)


Sem amar devagar
Eu o amei tão urgente
Um sentir bem aflito
Nos meus beijos pousados
O sentido anônimo
Que ele me apresentou
Ao levar minha vida
Pra um lugar diferente
Onde pude abraçar
Um prazer sem igual
Em ser-me de alguém
Mas esse mesmo amor
Que já um dia salvou
Hoje colhe o que havia
De alegrias plantadas...


Lai Paiva

16 de dezembro de 2012

Tão dele...





Dele é a minha liberdade
Nele está minha verdade
Por ele eu sou só vontade
Com ele vivo a melhor saudade
Pra nós dois basta a eternidade
Porque juntos damos lugar à melhor felicidade...


Lai Paiva




8 de dezembro de 2012

Para amar





Do amor espero amar
Amar como eu posso
E bem sei que aprendi
Pra sentir-me inteira
Se em metade estiver
Quando a vida passar...

Lai Paiva