21 de março de 2015

Sobre o Dia da Poesia


No dia da poesia eu continuo poetizando sem métrica e sem rima. Eu continuo transformando em versos tudo aquilo que não sei transformar em outra coisa. Eu continuo escrevendo, quando não for possível viver. Eu continuo juntando as palavras que não saem de perto de mim. Eu continuo amando exageradamente naquele silêncio que só os igualmente loucos de amor podem ler nas entrelinhas. Eu continuo sentindo tudo com o dobro da intensidade recomendada pela própria vida. Eu continuo guardando os sentidos e os sentimentos que não há razão para doar. Eu continuo me transcrevendo sem pudor e sem receio da exposição desmedida que os poetas acabam imprimindo e eu, os tento copiar despretensiosamente. Eu continuo sendo poeta sem ser. Eu continuo sendo poesia. Eu continuo buscando aliviar os instantes ao escrever. Eu continuo me libertando escrevendo. Eu continuo enfeitando os meus sentimentos. Eu continuo oferecendo a minha escrita aos olhos dos que me leem. Eu continuo implodindo. Eu continuo me desnudando. Eu continuo com a poesia de antes. Eu continuo com a mesma poesia. Eu continuo desejando me eternizar. Eu continuo, sim, com a poesia dentro de mim, cravada, marcada e marcante. Eu continuo com versos livres circulando dentro de mim. Eu continuo piegas por gostar tanto de poesia e por ser tendenciosa a poetizar o mínimo que escrevo. Eu continho viva e poética. Eu continuo contraditória como a poesia muitas vezes o é. Eu continuo, pois continuar é ter sempre algo mais a escrever e eu sou interminável...




Lai Paiva

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